A cantora Elis Regina, morta há 41 anos, foi recriada com inteligência artificial numa campanha institucional da empresa Volkswagen.
Nas imagens, ela reencontra a sua filha Maria Rita, e juntas cantam a música “Como nossos pais”, de Belchior. A mãe dirige uma Kombi antiga. A filha dirige a nova Kombi elétrica ID. Buzz.
Dueto na vida (quase) real
A técnica usada para a recriação do rosto e voz de Elis Regina foi deepfake, um processo de IA que recria rostos, movimentos da boca e vozes digitalmente para aplicá-los no corpo de uma outra pessoa.
De acordo com a Volkswagen, a inteligência artificial foi treinada especificamente para reconhecimento facial de Elis Regina. A voz é a original da cantora.
O sistema de IA também usou dados reais de atuação de uma dublê para registrar os movimentos e reproduzir as imagens do corpo da artista sentada dentro do veículo.
Depois das cenas reais gravadas, o rosto da cantora foi integrado e mesclado digitalmente para parecer mais próximo do real. Foram 2.454 horas de produção em 108 dias no total.
Elis Regina faleceu quando Maria Rita tinha quatro anos. Com ajuda da IA, é a primeira vez que as duas protagonizam uma canção juntas.
Depois que a inteligência artificial foi treinada, uma empresa de pós-produção dos Estados Unidos realizou a finalização das cenas.
A Volkswagen informou em comunicado que o vídeo foi criado para celebrar os 70 anos da empresa no Brasil. O objetivo é resgatar a conexão emocional com os brasileiros a partir de duas grandes artistas da MPB.
A agência responsável pela recriação de Elis Regina foi a AlmapBBDO. O material foi produzido pela Boiler Filmes.
A tecnologia por trás do deepfake
O termo deepfake ganhou visibilidade em 2017 no fórum Reddit. Trata-se da manipulação de imagens e som facilitada pela inteligência artificial.
O processo inclui a recriação e substituição do rosto, movimentos da boca e vozes de uma pessoa para o conjunto ser usado no corpo de uma outra.
A partir da técnica uma pessoa pode ser colocada digitalmente nas mais variadas situações, seja cantando (como Elis Regina), seja em situações envolvendo fake news.
Para simular alguém próximo do real, a IA precisa no momento ser treinada com imagens da pessoa escolhida. Podem ser usadas fotos, vídeos e áudios originais. A partir disso, o sistema aprende os padrões encontrados no material e trabalha com essa nova base de dados.
Na sequência, a IA usa as informações que possui para dar sozinha movimentos, ajustar expressões faciais e clonar a voz original.
Ou seja, a inteligência artificial tem capacidade para criar os diálogos que desejar — que nunca foram ditos originalmente. O som tem potencial de se parecer com o verdadeiro.
Fonte: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/07/04/elis-regina-e-recriada-por-inteligencia-artificial-e-canta-com-maria-rita.htm?cmpid=copiaecola